quarta-feira, 18 de maio de 2022

Atividade 02 / Grupo 4: Gabriel Filipe, Milena Maria, Amanda Santos e Geovanna Martins

 A Era de Ouro do Rádio no Brasil, 1930-1940


No Brasil, o rádio atingiu seu apogeu em 1940, como principal veículo de comunicação em massa, na mesma época em que o país era governado por Getúlio Vargas. Nesse período, iniciou-se a chamada "Era de Ouro do Rádio". Um dos marcos dessa fase é a apresentação, em 1941, pela Rádio Nacional, de primeira radionovela, "Em Busca da Felicidade".


"Em Busca da Felicidade" e referência a Propaganda do Creme Dental Colgate
- Radionovela Brasileira, 1941

A própria Rádio Nacional, em 1945, já transmitia 14 novelas diariamente. Além do entretenimento, a Rádio Nacional do Rio de Janeiro inovou, também, em termos de jornalismo. Afinal, o mundo, em 1941, presenciava a II Guerra Mundial, fato que acelerou o processo de inovação para o campo jornalístico. 

Rádio Nacional, 1940 - Principal Emissora do Período 

No período de ascensão, o presidente estabeleceu concessões às empresas particulares para o uso do rádio e, em troca, utilizava o meio como propaganda para divulgar seus feitos e enviar mensagens políticas aos ouvintes no programa obrigatório "A hora do Brasil", que mais tarde tornou-se "A voz do Brasil"

O Direito fez com que todas as atenções se voltassem para os receptores de rádio.


Getúlio Vargas discursando nos microfones da Rádio Nacional

Entretenimento

O auge do entretenimento no rádio, ocorreu a partir dos anos 40, quando o país assiste o surgimento de ídolos, novelas e revistas a expor o meio artístico.


Rainhas do Rádio, em 1950

Folhetim Radiofônico, "Jerônimo, o Herói do Sertão", 1953

A implantação desse meio de comunicação veio de norte ao sul do país para transformar e influenciar a vida das pessoas. Aqueles que não ouviam o rádio e não ficavam sabendo das últimas informações eram considerados fora da realidade, porque ao entrar em rodas de conversa não podiam comentar dos programas transmitidos pelo rádio, ou do novo cantor/cantora, com isso eram tachados de outsider.

Naquela época não existia televisão, computadores, telefones e celulares. As notícias demoravam a chegar e a chegada do rádio mudou totalmente essa situação de isolamento. Por meio desse aparelho, milhões de pessoas tiveram acesso às notícias, músicas, radionovelas, programas humorísticos, esportivos e variedades. Tudo numa velocidade jamais imaginada. Cantores e compositores encantavam multidões de norte a sul. Mulheres de todas as cidades acompanhavam as radionovelas. As conversas foram enriquecidas por informações que chegavam pelas ondas de rádio.

"O rádio é 'democrático', pois transforma os antigos interlocutores em meros ouvintes", 'para entregá-los autoritariamente aos programas das estações' (DUARTE, 2003, p.52).

Essa ferramenta de comunicação possibilitou avanços significativos em diversas áreas e setores, como:

Dramaturgia

A dramaturgia era um dos maiores e mais movimentados departamentos das emissoras de rádio. Todos os dias, milhares de pessoas acompanhavam as novelas, as histórias de mistério e de suspense, as peças de teatro e até programas de informações científicas pelo rádio.


Atores, atrizes , produtores, escritores, sonoplastas, músicos, técnicos,
todos colaboravam para atrair os ouvintes, estimular sua imaginação
e emoções, e encantar o público.

Programa Humorístico

O rádio tem um papel fundamental no cenário cômico do país. O primeiro registro que se tem de um programa humorístico periódico é do “A Cascatinha do Genaro”, transmitido na Rádio São Paulo, e apresentado pelo personagem Zé Fidellis, de Gino Cortopassi. Ao longo do tempo foram surgindo outros, como “As Aventuras de Nhô Tonico”, “As Aventuras da Vila Arrelia”, “Chiquinho, Chicote e Chicória” e “Escolinha de Dona Olinda”, apresentado por Vittal Fernandes, um ícone do humor no rádio. Entre os mais famosos, estão “Balança mais não cai”, que se passava em um edifício, e “PRK 30”, com Lauro Borges e Castro Barbosa, que, numa suposta rádio pirata, faziam graça com outras transmissões radiofônicas e acontecimentos da época.


Na década de 40, apareceram as transmissões com Chico Anísio e Renato Murse e, em 1942, estreou o “Cassino do Chacrinha”. O humor foi mudando no rádio e muito do que havia no veículo foi levado para a televisão.

Zé Fidelis, um dos pioneiros do Humor Radiofônico Brasileiro


Jornalismo

Dois noticiários radiofônicos serviram de modelo para a transmissão de notícias nas rádios brasileiras a partir da década de 1940. A emissora mais importante do país, a Rádio Nacional, era a responsável pelo “Repórter Esso”. Na Rádio Tupi de São Paulo, as notícias chegavam pelo “Grande Jornal Falado Tupi”. Retransmitidos por outras emissoras do país, esses programas chegavam a milhões de ouvintes.


Música

O rádio permitia aos ouvintes ouvir os grandes intérpretes e acompanhar os lançamentos que se multiplicavam, entre eles os sucessos de Noel Rosa, Cármen Miranda, Orlando Silva, Sílvio Caldas, Mário Reis, Francisco Alves, Lamartine Babo, Ari Barroso, Dircinha Batista, Dorival Caymmi e muitos outros.


As principais emissoras da época — como a Rádio Nacional, a Tupi e a Mayrink Veiga — contavam com elencos exclusivos de cantores e músicos. Dentre os programas de maior audiência durante o primeiro governo de Getúlio Vargas, destacam-se “Curiosidades Musicais”, “Um Milhão de Melodias”, “Instantâneos Sonoros Brasileiros” e “Vida Pitoresca e Musical dos Compositores”. Os programas de calouros, como “Calouros em Desfile” e “A Hora do Pato”, atraíam milhões de ouvintes.


Política

O rádio foi o primeiro veículo de comunicação a chegar às residências e aos locais de trabalho. Por causa de seu enorme impacto no dia a dia dos brasileiros, Getúlio impôs o controle das informações transmitidas pelo rádio durante o Estado Novo.


Nem tudo podia ser dito, e a forma de dar a notícia também era pensada com cuidado, para evitar que a voz da oposição chegasse aos brasileiros. Interesses políticos e comerciais sempre interferiram nos meios de comunicação.


Anúncios

Em 1932, Getúlio editou decreto permitindo a veiculação de propaganda nas rádios. Nessa mesma  época, as primeiras agências de publicidade - norte americanas, em sua maioria - estavam se instalando no país. Como em seu país de origem, elas usavam o rádio para divulgar produtos como sabonetes, cremes dentais, remédios, produtos para o lar, alimentos, refrigerantes e bebidas em geral.



Logo, a queda no preço dos aparelhos receptores de rádio permitiu a mais famílias adquirir o produto. A audiência cresceu vertiginosamente. As emissoras passaram a dar mais atenção a esse novo público consumidor — muitas vezes formado por analfabetos — que se reunia em torno do rádio. Os programas procuravam agradar aos ouvintes, e as agências de publicidade investiam pesado, não só para vender seus produtos, mas também para difundir para os brasileiros nos valores e no modo de vida norte-americano.


Programas na Rádio

O primeiro programa da rádio comercial do Brasil foi ao ar em 1932. Era o "Programa Casé", que durava quatro horas, transmitido aos domingos, às 20h, na rádio Phillips, produzido e narrado por Ademar Casé.

O programa apresentava ao público a nova música brasileira da época. Participaram do programa artistas como Noel Rosa, Braguinha, Sílvio Caldas e o cartunista e compositor Nássara - autor do primeiro Jingle do Brasil, o da padaria Bragança.


As pessoas se sentiam integradas, tinham um repertório comum de notícias, músicas e fantasias. O rádio criou moda, estimulou debates, transmitiu informações, reduziu as distâncias entre pessoas, entre países. E se mostrou um poderoso instrumento de propaganda política. As emissoras de rádio foram financiadas, em sua maioria pelos produtos de empresas norte-americanas que começaram a chegar para os consumidores brasileiros.

Eram os novos produtos industrializados, como sabonete, cremes dentais, a coca cola e a aspirina. Para que os brasileiros fossem atraídos para essas novidades, contrataram empresas de publicidade dos Estados Unidos, que investiram nas emissoras comerciais financiando programas inteiros. O rádio foi um instrumento fundamental de mudanças de mentalidade e do domínio da indústria cultural norte-americana no Brasil.




Anúncio Inauguração - Rádio Nacional, 1940


Campanha Coca Cola







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